Muitos portugueses sofreram na pele e no estômago as consequenciais da guerra civil de Espanha nos anos 30 e nos anos 40 com a II Guerra Mundial, passando fome e privações. Os anos 30 e 40 foram marcados pelo “racionamento alimentar”.
Muitos idosos recordam uma afirmação de Salazar: “Livro-vos da guerra, mas não vos livro da fome”. E assim foi… grande parte dos produtos alimentares produzidos em Portugal eram exportados para os países envolvidos no conflito. Muitos portugueses viveram um cenário de escassez de produtos e fome.
Muitos idosos recordam-se de irem em miúdos de madrugada para as filas com as senhas de racionamento e, por vezes, voltavam de mãos a abanar para casa porque os produtos não chegavam para todos.
Como as pessoas tinham muitos filhos e não tinham o que lhes dar de comer, recorriam à Sopa dos Pobres, que forneciam sopa e pão às famílias mais necessitadas de acordo com o n.º do agregado familiar (comprovado mediante a apresentação de um cartão).
Muitas vezes eram as próprias crianças que a mando dos pais iam buscar a sopa ao meio-dia, carregando uma lata (antigas latas de 5 kg de atum das mercearias que eram reutilizadas) que servia de panela.
A sopa era feita com massa, feijão ou grão e com “peles” ou apenas “cheiro de carne” como nos relataram alguns idosos. Mas “como a fome é o melhor tempero”, foi um auxílio importante à sobrevivência dos mais pobres.
A sopa dos pobres ficou popularmente conhecida como “Sopa do Sidónio” porque fora Sidónio Pais, Presidente da República no período pós Iª Guerra Mundial, que fundou a célebre sopa aos mais pobres. Esta medida foi tão popular que as pessoas ainda no Estado Novo de Salazar, se referiam “à Sopa do Sidónio”.
Alguns dos idosos que entrevistámos referiam que ás vezes a fome era tanta que, no caminho até casa, acabavam por comer o bocado de pão que era dado para a família. Quando chegavam a casa apanhavam uma “valente tareia” da mãe.
No período do estado Novo, os mendigos não andavam nas ruas porque era proibido mendigar nas ruas e a polícia levavam-nos para a Mitra, uma Instituição para os indigentes (pedintes). Esta instituição é conhecida pelo mesmo nome até aos dias de hoje. Contudo a sua função hoje já não é a mesma de outrora.
Muitos idosos recordam uma afirmação de Salazar: “Livro-vos da guerra, mas não vos livro da fome”. E assim foi… grande parte dos produtos alimentares produzidos em Portugal eram exportados para os países envolvidos no conflito. Muitos portugueses viveram um cenário de escassez de produtos e fome.
Muitos idosos recordam-se de irem em miúdos de madrugada para as filas com as senhas de racionamento e, por vezes, voltavam de mãos a abanar para casa porque os produtos não chegavam para todos.
Como as pessoas tinham muitos filhos e não tinham o que lhes dar de comer, recorriam à Sopa dos Pobres, que forneciam sopa e pão às famílias mais necessitadas de acordo com o n.º do agregado familiar (comprovado mediante a apresentação de um cartão).
Muitas vezes eram as próprias crianças que a mando dos pais iam buscar a sopa ao meio-dia, carregando uma lata (antigas latas de 5 kg de atum das mercearias que eram reutilizadas) que servia de panela.
A sopa era feita com massa, feijão ou grão e com “peles” ou apenas “cheiro de carne” como nos relataram alguns idosos. Mas “como a fome é o melhor tempero”, foi um auxílio importante à sobrevivência dos mais pobres.
A sopa dos pobres ficou popularmente conhecida como “Sopa do Sidónio” porque fora Sidónio Pais, Presidente da República no período pós Iª Guerra Mundial, que fundou a célebre sopa aos mais pobres. Esta medida foi tão popular que as pessoas ainda no Estado Novo de Salazar, se referiam “à Sopa do Sidónio”.
Alguns dos idosos que entrevistámos referiam que ás vezes a fome era tanta que, no caminho até casa, acabavam por comer o bocado de pão que era dado para a família. Quando chegavam a casa apanhavam uma “valente tareia” da mãe.
No período do estado Novo, os mendigos não andavam nas ruas porque era proibido mendigar nas ruas e a polícia levavam-nos para a Mitra, uma Instituição para os indigentes (pedintes). Esta instituição é conhecida pelo mesmo nome até aos dias de hoje. Contudo a sua função hoje já não é a mesma de outrora.
Á memória de minha mãe e de todas as crianças, hoje homens de 60 ou mais anos, que se revejam aqui, especialmente aqueles que comigo brincaram e viveram estes tempos.
ResponderEliminarÉramos meninos, nascidos e criados no velho Bairro da Moraria, em romaria partíamos Almirante Reis acima (ao princípio era na “sopa” lá mesmo no bairro, um velho edifício de tijolo encarnado na Rua da Guia no alto da caganita) até aos Anjos, alheios ao que representava irmos ali, depois descíamos já com as buchas entre dentes, parando aqui e além no meio da brincadeira, sentavamo-nos no chafariz á esquina da Calçada do Desterro, escala obrigatória, para um "descanso" muitos de nós, como é o meu caso, juntamente com os livros, levávamos o cesto com a panela para a escola (andava na escola 1, no Largo do Saco), depois à tarde, pelas ruas do meu bairro, Capelão, Guia, Amendoeira, Terreirinho, Olarias, Marquês Ponte Lima, becos e travessas passávamos a ser cavaleiros, tarzans, cowboys, índios e tantos outros defensores dos mais fracos, que no velho piolho (Salão Lisboa - 2$50 – sessões contínuas – que poesia quando as luzes se apagavam...) interiorizávamos. Eram os berlindes, as caricas, as trapeiras que fazíamos com as meias – Zeca sabes onde está o outro par desta meia – perguntava-me minha mãe aflita referindo-se a umas meias já velhinhas, remendadas e palmilhadas, (quem se lembra o que isso é? eram assim todas as minhas meias, sim porque o par novo era para os dias de festa).
Meu Deus, que imaginação e poder criativo tínhamos então, partíamos para tardes de brincadeira só com as “mãos”
A imagem um tanto ou quanto poética que pode transparecer do texto está indubitavelmente ligada à meninice e juventude desses tempos e não só, deriva também do carinho e dedicação que minha mãe me devotou, o que, de certa forma suavizou esses tempos e a sua recordação. É uma verdade, mais ou menos aceite, que o tempo põe poesia nas coisas.
A leitura fria é que foram tempos muito difíceis, a minha mãe e eu comíamos a sopa do Sidónio e pouco mais e quando ela podia comprava um bifinho de cavalo de 10 ou 15 tostões, só para mim, ela ficava a ver-me comer, alimentando-se só do prazer da minha satisfação. (não me dá para escrever mais, desculpem-me)
José Coelho
Nasci em 1950, numa família da pequena burguesia (o meu pai era médico). Já não tenho qualquer recordação vivida de racionamentos ou de filas para comprar determinados produtos, etc. No entanto, apesar de os médicos beneficiarem então de um estatuto social invejável, isso não correspondia ao seu real estatuto económico. Lembro-me de que a minha mãe fazia grande ginástica para equilibrar o orçamento familiar a um nível aceitável, mesmo modesto. Mas o que me levou a aparecer aqui é uma curiosidade. Na minha cédula de nascimento (portanto de 1950) ainda aparece na contracapa um carimbo oficial da Intendência Geral dos Abastecimentos/ Delegação Distrital de Lisboa / Posto de Racionamento nº 6. Este carimbo autentica um registo manuscrito do seguinte teor: "Foi passado o Boletim 491834 em 2/3/1951". Portanto, em 1951 ainda vigorava o racionamento. Milagrosa gestão financeira, a do Salazar...
ResponderEliminarAgradeço a informação acima, porquanto possuo, ainda, a minha Cédula Pessoal, do ano de 1949. Só que as letras do Carimbo não estão todas visíveis; e o mesmo está numa posição transversal (nem na horizontal, nem na vertical...). O meu Posto de Racionamento era o Nº 12. Acima do carimbo, está escrito "Bol. 457.937 em 12/4/950; após o que tem uma assinatura. Obrigado
EliminarÉ muito triste verificar que sempre nós portugueses estamos necessitar de atitudes de caridade para saciar nossa fome
ResponderEliminarAinda hoje vivemos com o dinheiro dos outros e de que modo ! Basta saber os juros que se paga diariamente . Hoje somos ricos encapuçados .
Eliminarchegado a lisboa em 1960 com 8 anos filho de pai icognito e de mae com 5 filhos a pobreza tinha de ser escondida. Mendigar era a úinica solução, o resultado desta desobidiência á lei foi ir parar á Tituria de Infancia de Lisboa, onde me recordo de ser tratado como Judeus em campo de concentração, onde se sofria sem se poder falar...Hoje ainda não consigo esquecer quantos rapazes sofreram de injustiças ditadas pelos senhores que era assim que se dava educação. Hoje se fala em trauma de guerra de pessoas injustiçadas... que se pedem indeminizações por maus tratamentos nunca ninguém quis ver o que o tempo apagou de vez.
ResponderEliminarNasci em Lisboa no principio da decada de 50, e ainda q nao tenha comido a sopa do Sidonio, ouvi falar nisso a muita gente... Com 5 anos, ia com uma prima minha ao quartel de Sapadores, onde todos os dias as sobras do'rancho' eram distribuidas a quem se apresentasse com uma panela ou um recipiente qualquer. Ainda hoje sou de 'de boa boca' e em pequena, comia o q me punham a frente, senao nao havia mais nada ;)
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