Os nossos idosos relatam frequentemente que, na sua juventude, as tardes e noites de fim de semana eram passadas em bailes e bailaricos bastante participados e concorridos.
Havia-os por todo o lado, para todos os gostos e bolsos, desde os mais sofisticados bailes organizados por clubes recreativos e sociedades musicais, aos levados a cabo por grupos de vizinhos, abarcando um bairro, uma rua, por vezes até um pátio comum a várias habitações.
Os salões de baile das sociedades recreativas assumiram um protagonismo muito importante na ocupação do tempo livre e no divertimento da população. Mas, existiam formalidades e regras muito claras e definidas no respeito pelos usos e costumes:
- O espaço destinado ao baile era rectangular, formado por cadeiras onde apenas se sentavam as “damas”, delimitando a zona para dançar e um espaço para os homens, que, de pé, aguardavam a oportunidade de um Convite por parte de um cavalheiro ou galã : "A menina Dança?".
- As Donzelas eram acompanhadas por um familiar, que por gestos ou sinais consentia ou não a aceitação do convite e vigiava o comportamento do cavalheiro.
- As danças eram exclusivamente de pares, idealmente em sintonia. Era quase um delito vergonhoso, pisar o pé da parceira da dança e, por isso, os dançarinos mais hábeis faziam sucesso junto das damas.
- Se durante a dança o rapaz ousasse um "aperto" corria o risco de levar um estalo ou sofria a humilhação de ser abandonado no salão de dança.
- Um gramofone e uma rudimentar e nada “hi-fi” instalação sonora, transmitia os tangos, marchas, valsas, e ritmos sul-americanos, que os bailarinos procuravam dançar da melhor forma que sabiam.
- Geralmente, em cada sessão de baile, havia um animador ou director do clube que, em determinado momento, subia ao palco e anunciava a mais temida das frases por parte da malta “tesa” ( no sentido monetário do termo, entenda-se): “Damas ao bufete”. Nesse momento o cavalheiro deveria pagar uma bebida ou um bolo à donzela.
- Frequentemente a entrada para estes recintos era paga. O preço era o mínimo possível para custear as despesas da festa: electricidade, licença da autarquia e parte da decoração do recinto que tinha que ser comprada, porque tudo o restante, festões, grinaldas e balões de papel, era feito pelos vizinhos ou membros organizadores.
Sem comentários:
Enviar um comentário